Introdução
No espaço, é sempre noite.
Vampires in Space, de Pedro Neves Marques, Representação Oficial Portuguesa na 59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia e com curadoria de João Mourão e Luís Silva, é uma instalação narrativa que transforma, em parte, a arquitetura gótica do Palazzo Franchetti numa inesperada nave espacial, dentro da qual a existência melancólica, dramas e rotinas de cinco passageires se desenrolam, durante uma longa viagem, de séculos, a um planeta longínquo.
Através de um novo filme, de poesia inédita e de um desenho de exposição imersivo, Pedro Neves Marques recorre à figura e expectativas do que consideramos ser um “vampiro” para abordar questões de identidade de género, famílias não-nucleares, reprodução queer, e também o papel da intimidade e da saúde mental nos dias de hoje. A longevidade imaginada do vampiro, reforçada aqui pela distância física do planeta Terra e pela noção de humanidade, permite um exercício retrospetivo que se poderá designar de “autoficção científica”, ancorada na própria experiência trans não-binária de Neves Marques, bem como uma revisão política de uma extensa história de controle sobre os corpos e o desejo. Se os vampiros sempre refletiram debates sobre género em diferentes épocas, desde a era vitoriana até a libertação feminista e a crise da SIDA, como respondem hoje aos avanços da biotecnologia ou à emancipação de vidas e ecologias queer?
Afinal, no espaço é sempre noite e, na sua imortalidade, os vampiros são os seres perfeitos para lidar com a incomensurabilidade das distâncias espaciais.
O Pavilhão
A Representação Oficial Portuguesa na 59ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza apresenta um projeto individual de Pedro Neves Marques, cujo percurso é um dos mais relevantes e celebrados da sua geração.
A prática de Neves Marques, que inclui trabalho nas artes visuais, mas também no cinema, poesia e teoria, tem vindo a desenvolver uma forma de ficção especulativa que aborda algumas das questões mais prescientes do nosso tempo, desde a ecologia às políticas do corpo. Neves Marques entende os códigos da ficção científica de uma maneira única, interrogando os futuros distópicos que se avizinham no horizonte e, nesse processo, dar-nos um vislumbre de outras formas, críticas, de estar no mundo.
Intitulado Vampires in Space, o projeto de Neves Marques para o Pavilhão de Portugal assume a forma de uma instalação narrativa composta por filmes, poesia confessional e uma cenografia, desenhada pelo Diogo Passarinho Studio, que transforma o segundo andar do Palazzo Franchetti numa nave espacial inesperada, dentro da qual a existência melancólica, dramas e rotinas de cinco passageires se desenrola durante uma viagem de séculos a um planeta distante. A cenografia imersiva contrasta o estilo gótico veneziano do palácio com uma sensibilidade sci-fi e especulativa, característica da prática de artista.
O caráter direto do título é intencional e permite que a narrativa se desenrole sem os constrangimentos causados pela criação de todo um contexto que enforme a ação. De certa forma, o título diz já tudo o que o visitante precisa saber. O filme oferece assim um vislumbre do quotidiano de cinco vampires enquanto viajam pelo espaço, transportando vida para um planeta distante. No espaço é sempre noite e, tendo a eternidade à sua disposição, os vampiros são as figuras ideais para vaguear pelas estrelas. Na sua solidão, longe de códigos e expectativas sociais exteriores, esta família de vampires relembra e reimagina as suas vidas passadas, guiando o visitante por uma narrativa aberta sobre o papel da ficção nas nossas vidas, e em particular em vidas marcadas por disforia de género ou vivencias transgénero.
Vampires is Space apresenta-se como uma história sem princípio nem fim, na qual o que importa é a viagem e não o destino. Emma, jovem vampire, sofre de amnésia. Apenas consegue recordar os cheiros e o toque de quem amou no passado, nunca os seus nomes ou rostos, e encontra consolo nos livros de banda desenhada da sua juventude. Selena é uma pessoa transgénero de muitas vidas cujo único desejo é que esta sua família simplesmente aguente um pouco mais. Itá, que em tempos foi a comandante da missão, agora mal encontra forças para sair da cama, enquanto Alex está prestes a descobrir o verdadeiro significado do vampirismo. Lorna, uma mulher cisgénero que desejava ser imortal e por isso se transformou em vampira pouco antes da partida, é agora a líder da missão.
Vampires in Space recorre assim à figura e expectativas associadas ao que consideramos ser um “vampiro” para abordar questões de identidade de género, famílias não nucleares, reprodução queer, bem como o papel da intimidade e da saúde mental e emocional nos dias de hoje. A longevidade imaginada do vampiro, reforçada aqui pela distância física do planeta Terra e da noção de humanidade, permite um exercício retrospectivo que pode ser entendido como uma “autoficção científica”, ancorada na própria experiência pessoal e de género de Neves Marques, bem como uma crítica política de uma extensa história de controlo dos corpos, do desejo e da imaginação. Se os vampiros sempre refletiram debates de épocas específicas em torno do género, desde a era vitoriana até a emancipação feminista e a crise da SIDA, como responderão hoje, por exemplo, à biotecnologia contemporânea ou à emancipação de vidas e ecologias queer?
Vampires in Space é, como toda a obra de Neves Marques, construído sobre um equilíbrio entre uma crítica sociopolítica direta, uma especulação narrativa fora do comum e o lugar criativo e emocional da exposição pessoal, invocando um espaço de liberdade intelectual e poética para o objeto artístico.
João Mourão & Luís Silva
Biografias
Pedro Neves Marques (Lisboa, 1984) é artista visual, realizadore e escritore (pronomes não-binários). Ao longo dos últimos quinze anos viveu em Londres, São Paulo e Nova Iorque. Apresentou exposições individuais em instituições como Galerias Municipais – Cordoaria Nacional (Lisboa), CA2M Centro de Arte Dos de Mayo (Madrid), CaixaForum (Barcelona), 1646 (Haia), High Line (Nova Iorque), Castello di Rivoli (Turim), Gasworks (Londres), Pérez Art Museum Miami, Museu Colecção Berardo (Lisboa) e e-flux (Nova Iorque). O seu trabalho foi incluído em inúmeras bienais, entre as quais se destacam Liverpool Biennial, Gwangju Biennale, Göteborg International Biennial, Guangzhou Image Triennial, New Museum Triennial, Ural Biennial for Contemporary Art, Contour Biennial e Bienal Internacional de Cuenca. Uma lista de exposições coletivas e screenings recentes em que participou incluem Trondheim Kunsthall, PinchukArtCentre (Kiev), Inside Out Art Museum (Pequim), Antenna Space Gallery (Xangai), Le Fresnoy (Tourcoing), Matadero (Madrid), Harn Museum of Art – University of Florida, MAAT (Lisboa), Parco Arte Vivente (Turim), Fundacíon Botín (Santander), Kadist (Paris), Tate Modern Film (Londres), Serpentine Galleries Cinema (Londres) e Guangdong Times Museum (Guangzhou). Os seus filmes foram mostrados em festivais de cinema como Toronto International Film Festival e New York Film Festival, tendo sido premiados em festivais como MixBrasil (São Paulo), Go Shorts (Nijmegen), Short Waves (Poznan), Sicilia Queer Film Festival e Moscow International Experimental Film Festival, bem como nomeados para os European Film Awards. Enquanto escritore, é co-fundadore com Alice dos Reis da editora de poesia Livros do Pântano / Pântano Books, com a qual publicou o livro de poemas Sex as Care and Other Viral Poems (2020) e traduziu para português a obra de poeta norte-americana CAConrad. É autore do livro de contos Morrer na América (Abysmo e Kunsthalle Lissabon, 2017) e editou as antologias YWY, Searching for a Character Between Future Worlds: Gender, Ecology, Science Fiction(Sternberg Press, 2021) e The Forest and The School (Archive Books, 2015); co-editou também um número especial da revista de arte e teoria e-flux journal para a 65ª Bienal de Veneza (2015). Foi premiade com o Present Future Art Prize na Artissima em 2018; vencedore do “Special Prize” do PinchunkArtCentre Future Generation Art Prize 2021; e estreou recentemente o filme Tornar-se Homem na Idade Média (2022) na Ammodo Tiger Short Competition do Festival Internacional de Cinema de Roterdão (IFFR), com o qual foi galardoade com o prestigiado Ammodo Tiger Short Award, sendo também nomeado pelo IFFR Pro ao European Film Awards para curtas-metragens. A sua obra artística é representada pela Galleria Umberto di Marino (Nápoles) e os seus filmes distribuídos por Portugal Film e Agência da Curta Metragem.
João Mourão (Alegrete, 1975) é diretor do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas dos Açores. Foi anteriormente diretor das Galerias Municipais de Lisboa. Em dupla com Luís Silva fundou em 2009 a Kunsthalle Lissabon que co-dirigiu até 2020. Com Silva foi curador da secção de Desenho da Artissima, Turim, dos solo projects da Zona Maco Sur, Cidade do México, dos solo projects da Arte BA, Buenos Aires e da secção de Performance na Art Dubai, Dubai. Curaram exposições em instituições como MAAT, Lisboa; Fundação Arpad-Szenes Viera da Silva, Lisboa; MACE, Elvas; David Roberts Art Foundation, Londres; Fondazione Giuliani, Roma; Pivô, São Paulo; Institute for Contemporary Art, Filadélfia; Extra City, Antuérpia. Foi, com Luís Silva, contributing editor da revista CURA. e os seus textos foram publicados na Artreview, Kaleidoscope e Contemporânea. Foram convidados para debates sobre modelos institucionais em Londres, Nova Iorque, Cairo, Oslo, Beirute, etc. São nomeadores para o Pinchuk Art Prize, Kiev e Veneza; Nasher Prize, Dallas e para o Battaglia Sculpture Prize, Milão. Integrou o comité de aquisições da Gulbenkian e foi júri dos prémios EDP.
Luís Silva (Lisboa, 1978) é Diretor da Kunsthalle Lissabon, que fundou em dupla com João Mourão em 2009, onde apresentaram projetos de artistas de renome como Sheroanawe Hakihiiwe, Laure Prouvost, Naufus Ramírez-Figueroa, Nathalie Du Pasquier, Petrit Halilaj, Mariana Castillo Deball, Haris Epaminonda, Jonathas de Andrade, Amalia Pica, Leonor Antunes, André Guedes entre outros. Em dupla com Mourão curou inúmeras exposições tanto em Portugal como no estrangeiro, destacando-se Manuel Solano (Pivô, São Paulo), Eduardo Batarda (Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva), Ângela Ferreira (Galeria Pelaires, Maiorca), Carla Filipe (MAAT), Pedro Barateiro (Basement Roma), bem como coletivas em instituições como MACE, Elvas, David Roberts Art Foundation, Londres, Fondazione Giuliani, Roma e Extra City, Antuérpia. Foram curadores da ZONA MACO SUR, na Cidade do México, da secção Disegni da Artissima, em Turim, dos solo projects da Arte BA, em Buenos Aires e da secção de performance na Art Dubai, Dubai. Foi editor da revista CURA. e co-editor da série Performing the Institution(al). Editou monografias de artistas como André Guedes, Pedro Barateiro, Naufus Ramírez-Figueroa (em colaboração com o New Museum) e Haris Epaminonda e Daniel G. Cramer. Curou recentemente, nas Galerias Municipais, uma exposição individual de Pedro Neves Marques.
Crepúsculos: Programa Público
Programa público de Vampires in Space, comissariado por Filipa Ramos em diálogo com os curadores e artista do Pavilhão de Portugal
Cinco manifestações crepusculares—entre a noite e o dia, o humano e o animal, o sónico e o visual, o local e o global—celebrando a diversidade de formas de hibridização coletiva através da sintonia e colaboração entre várias entidades culturais nacionais.
CREPÚSCULOS são cinco sessões de partilha das intensidades, temas e interesses de Vampires in Space. São sessões queer, inclusivas, acessíveis e abertas à participação de diversas audiências, do público especializado das artes plásticas ao público mais jovem e mais idoso e ao público geral interessado em cinema, música, literatura e ecologia.
São sessões que celebram talentos consagrados e emergentes, em Portugal e no estrangeiro, incluindo arte, música, cinema e ciência. Cada sessão é concebida em relação ao contexto em que se realiza, sendo relevante a nível local e nacional e de impacto transnacional.
As sessões decorrerão em datas a definir com as instituições parceiras, e sempre que o tipo de atividade o permita, serão difundidas online, bem como registadas para posterior edição, disponibilização e arquivo.
LOCAIS
Centro De Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
Centro Internacional das Artes José de Guimarães, Guimarães
Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, São Miguel
ESTRUTURA
Cada sessão compõe-se de quatro momentos complementares e inter-relacionados:
— Crepúsculo Opúsculo
Sessão de leitura coletiva de poemas e outros textos que dialogam com as temáticas de Vampires in Space, muitos deles traduzidos pela primeira vez para português.
— Crepúsculo Vernáculo
Excursão ao entardecer de observação de espécies de morcegos locais com uma pessoa especialista em biologia, seguida de uma conversa sobre a naturacultura dos morcegos.
— Crepúsculo Sonâmbulo
Programa no cinema, alineado com os vários temas de Vampires in Space.
— Crepúsculo Tentáculo
Noite de som, música e dança concebida em relação com Vampires in Space.
CREPÚSCULOS: Primeira Sessão na Fundação Calouste Gulbenkian a 5 de junho 2022
O Centro de Arte Moderna apresenta cinco sessões que celebram talentos consagrados e emergentes, em Portugal e no estrangeiro, incluindo arte, música, cinema e ciência.
A sessão inaugural, uma colaboração de Vampires in Space com o Centro de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, contextualiza a emergência e referências do projecto artístico e curatorial em Veneza através de uma série de eventos concebidos especificamente para os espaços da Fundação. A primeira manifestação de Vampires in Space em Portugal é assinalada por uma conversa entre Benjamin Weil, Diretor do Centro de Arte Moderna da FCG, a dupla João Mourão e Luís Silva, curadores do Pavilhão de Portugal, e Filipa Ramos, curadora de Crepúsculos, a série de programas públicos de Vampires in Space.
“Crepúsculo Sonâmbulo” será a projeção de dois filmes de artista— Nosferasta, de Adam Khalil & Bayley Sweitzer com Oba, e A Mordida, de Pedro Neves Marques—que ecoam formas de contágio e transmissão em contextos tropicais entre passado e presente, história e identidade.
Considerando o papel que a poesia tem tido na exploração das variações linguísticas e contextuais da língua portuguesa, bem como na abordagem de questões de identidade e expressões de afetos, o segundo momento de Crepúsculos, intitulado “Crepúsculo Opúsculo”, será constituído por uma série de leituras de poesia nos jardins da FCG.
Seguir-se-á “Crepúsculo Tentáculo”, uma listening session crepuscular, também nos jardins da FCG com Haut, artista que explora o som como meio de ligação, e que realizou a música para Vampires in Space.
Investigando a relação entre a figura do vampiro e o animal que lhe serviu de referência, estabelecendo uma ponte entre arte, ciência e biologia, a sessão final, “Crepúsculo Vernáculo”, será um passeio-conversa com o biólogo Jorge Palmeirim em busca de reverberações, sinais e presenças de morcegos nos jardins da FCG.
Filipa Ramos, Curadora do Programa Público
Conheça a programação completa no site da Fundação Calouste Gulbenkian.
CREPÚSCULOS: Segunda Sessão no CIAJG a 27 de outubro 2022
Entre a noite e o dia, o humano e o animal, o sónico e o visual, o local e o global, o CIAJG apresenta a 27 de outubro a segunda sessão do programa público do projeto de Pedro Neves Marques para a Representação Oficial Portuguesa na 59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia.
Manifestações crepusculares, das 14h30 às 22h15 do próximo dia 27 de outubro, constroem no CIAJG um programa para todos os públicos interessados em arte, cinema, música, literatura e ecologia – com screening e conversa, sessão de leitura de poesia, música, excursão-conversa-sessão bioacústica. “Crepúsculos”, comissariado por Filipa Ramos, é o programa público de Vampires in Space, projecto de Pedro Neves Marques para a Representação Oficial Portuguesa na 59.a Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia. A entrada neste programa é gratuita, convidando todos a participar nesta proposta do Centro Internacional das Artes José de Guimarães.
Depois da Fundação Gulbenkian (Lisboa), a Black Box e a Praça do CIAJG são palco do programa público “Crepúsculos”, de Vampires in Space, o projeto de Pedro Neves Marques para a Representação Oficial Portuguesa na 59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia. Comissariado por Filipa Ramos, “Crepúsculos” são uma série de manifestações crepusculares situadas entre a noite e o dia, o humano e o animal, o sónico e o visual, o local e o global que celebram a diversidade de formas de hibridização coletiva. Um programa dirigido a todos os públicos interessados em arte, cinema, música, literatura e ecologia, com intuito de mediar e discutir os temas explorados em Vampires in Space.
Assim, no dia 27 de outubro, o programa arranca com Crepúsculo Sonâmbulo (14h30-17h00), momento para abordar o projeto, imaginários e referências de Vampires in Space, Representação Oficial Portuguesa na 59a La Biennale di Venezia, incluindo uma conversa entre artista representante do Pavilhão de Portugal, Pedro Neves Marques, e Filipa Ramos, curadora deste programa público, e screening de Nosferasta, de Adam Khalil & Bayley Sweitzer com Oba e A Mordida, de Pedro Neves Marques (56:00m) – dois filmes de artista que ecoam formas de contágio e transmissão em contextos tropicais entre passado e presente, história e identidade.
A tarde prossegue com Crepúsculo Opúsculo (17h30-18h30), uma sessão de leitura coletiva de poesia com Ellen Lima, André Romão e Pedro Neves Marques – que nos traz a poesia como forma de exploração das variações linguísticas e contextuais da língua portuguesa, e abordagem de questões de identidade e expressões de afetos.
Quando a noite se começa a instalar, a música acompanha com Crepúsculo Tentáculo (19h00-20h00), uma sessão de escuta com Odete, ecoando as sonoridades de Vampires in Space. Artista multidisciplinar, performer e produtora, Odete desenvolve uma obra que opera nos domínios da música, artes visuais, performance e teatro, tendo apresentado criações em diferentes espaços e contextos nacionais.
O programa encerra com Crepúsculo Vernáculo (21h15-22h15), uma excursão-conversa-sessão bio-acústica sobre a ecologia e biologia dos morcegos na cidade de Guimarães com o biólogo e conservador Paulo Barros, membro da equipa do Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA) e Investigador do Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) nos domínios da ecologia e conservação da fauna.
Conheça a programação completa no site do CIAJG.
CREPÚSCULOS: Última sessão no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas a 19 novembro 2022
Crepúsculos no Arquipélago Centro das Artes Contemporâneas, São Miguel
Sábado, 19 de Novembro, 2022
No dia 19 de novembro, sábado, entre as 15h e as 20h40, o Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas acolhe “Crepúsculos”, o programa público (que já passou pela Fundação Gulbenkian e, mais recentemente, pelo Centro Internacional das Artes José de Guimarães em Guimarães) de “Vampires in Space”, o projeto de Pedro Neves Marques para a Representação Oficial Portuguesa na 59.a Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, com curadoria de João Mourão e Luís Silva.
“Crepúsculos” são manifestações crepusculares — entre a noite e o dia, o humano e o animal, o sónico e o visual, o local e o global — que celebram a hibridização coletiva através da sintonia e colaboração entre várias entidades culturais nacionais e a justaposição de formatos e linguagens literárias, musicais, cinematográficas e científicas. É um programa, comissariado por Filipa Ramos, dirigido a todos os públicos interessados em arte, cinema, música, literatura e ecologia, com o intuito de mediar e discutir os temas explorados em “Vampires in Space”.
Cada Crepúsculo compõe-se de quatro momentos complementares e inter- relacionados: Crepúsculo Sonâmbulo – programa de filmes alineados com os temas de “Vampires in Space”; Crepúsculo Opúsculo – sessão de leitura coletiva de poemas e outros textos que ecoam o espírito, ambientes e as referências “Vampires in Space”; Crepúsculo Vernáculo – excursão-conversa de observação de espécies de morcegos locais com biólogos especialistas e Crepúsculo Tentáculo – sessão musical concebida em relação a “Vampires in Space”.
15h00 – 16h45 — Crepúsculo Sonâmbulo
Screening e conversa
— Screening e conversa em redor do trabalho cinematográfico de Pedro Neves Marques
Uma série filmes de artista que ecoam formas de contágio e transmissão em contextos
tropicais entre passado e presente, história e identidade.
Semente Exterminadora, 2017. 28:00 min. sec.
Um derrame de petróleo contamina a costa brasileira. Capivara, trabalhador numa plataforma petrolífera, é evacuado para o Rio de Janeiro, onde a população permanece ignorante do desastre que se aproxima. Apesar do perigo, Capivara deseja apenas retornar aos campos de extração em alto mar. Na cidade é ajudado por Ywy, uma mulher que o convence a viajar para a sua terra do Mato Grosso do Sul, na procura de emprego nas plantações de monocultura de soja e de milho. Nas plantações, Ywy expressa a Capivara a sua intimidade com aquelas plantações transgénicas. Ela fala-lhe da infertilidade daquelas sementes geneticamente manipuladas e de um androide como ela. Capivara, humano, é incapaz de compreender.
A Mordida, 2019, 26:00 min.
A Mordida baseia-se numa pesquisa concluída numa fábrica de mosquitos geneticamente modificados em São Paulo, Brasil, e inclui tanto elementos ficcionais como documentais, alternando entre o presente e um futuro imaginado. A epidemia biológica do vírus Zika, sendo combatida parcialmente através da utilização do mosquito mutante, torna-se um análogo à ascensão do conservadorismo reaccionário na política brasileira, que atingiu um novo auge com a eleição de Jair Bolsonaro.
O filme seguem os protagonistas (um homem, uma mulher, e uma mulher transexual) através destas duas crises, traçando linhas entre os horrores psicológicos e corporais, as crises políticas e médicas, a heteronormatividade estéril do laboratório e as agressões à autonomia reprodutiva. Enquanto todas estas tensões biopolíticas se expressam nas relações pessoais, como um retiro ou um refúgio da crise, os filmes apontam para a intimidade e o cuidado como futuros possíveis para além das restrições de uma mentalidade binária.
Tornar-se um Homem na Idade Média, 2022, 23:00 min.
Mirene e André e Carl e Vicente são casais nos seus trinta anos. Enquanto Mirene e André lutam com a sua fertilidade, Vicente decide submeter-se a um procedimento experimental, implantando um ovário no seu corpo, na esperança de ter um filho com Carl.
Um drama amoroso de subtons especulativos, Tornar-se um Homem na Idade Média é um conto íntimo sobre sexualidade queer, autonomia corporal, desejos reprodutivos, e o fantasma da normatividade.
Programa 77 min + 30 minutos de conversa
17h – 18h00 — Crepúsculo Opúsculo
Poesia
— Sessão de leitura de poesia com Manuella Bezerra de Melo, Pedro Neves Marques e Judite Canha Fernandes.
Manuella Bezerra de Melo é autora de Pés Pequenos pra Tanto Corpo (Urutau, 2019), Pra que roam os cães nessa hecatombe (Macabéa, 2020), ambos de poesia, e de A fissura, (Zouk, 2022). É jornalista pós-graduada em Literatura Brasileira e Interculturalidade, mestre em Teoria da Literatura e investigadora no Programa Doutoral em Modernidades Comparadas: Literaturas, Artes e Culturas na Universidade do Minho, em Portugal, onde vive.
Judite Canha Fernandes nasceu no Funchal e viveu nos Açores. Publicou poesia, ficção (romance e conto) e teatro. O livro de poesia o mais difícil do capitalismo é encontrar o sítio onde pôr as bombas foi semifinalista no Prémio Oceanos em 2018. O seu romance de estreia, Um passo para sul, foi Prémio Agustina Bessa Luís em 2018, Menção Honrosa no Prémio Literário Dias de Melo em 2018, foi nomeado para melhor livro de ficção narrativa em 2019 pela Sociedade Portuguesa de Autores, foi semifinalista do Prémio Oceanos em 2020 e faz parte do Plano Nacional de Leitura 2020-2027.
18h30 – 19:20 — Crepúsculo Vernáculo
Excursão-conversa
— Excursão-conversa-sessão sobre a ecologia e biologia dos morcegos nos Açores com a bióloga e conservadora Carla Goulart Silva, da Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, Direção Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, Divisão de Áreas Classificadas, Açores
19h30 – 20h40 — Crepúsculo Tentáculo
Listening Session
— Sessão musical com Lendl Barcelos ecoando as sonoridades de Vampires in Space.
Lendl Barcelos é artista, escritore e tem desenvolvido uma prática no campo da katafísica, que explora através de matéria sónica. Lendl tende a negociar multi-modalidades de sentir e fazer sentido. Recentemente, participou no Infinite Ear (Council), um programa de pesquisa artística e uma série de exposições desenvolvidas em diálogo com pessoas com dificuldades auditivas. Tem mostrado trabalho e organizado workshops a nível internacional e faz parte do coletivo artististico intermedia 0[rphan]D[rift>]. É frequente ouvir Lendl a rir.
Informações
Horário
23 de Abril a 27 de Novembro 2022, 10.00 – 18.00
Fechado Segundas-feiras, exceto dias:
25 de Abril
30 de Maio
27 de Junho
25 de Julho
15 de Agosto
5 de Setembro
19 de Setembro
31 de Outubro
21 de Novembro
Data de encerramento: 27 de Novembro, 2022
Morada
Palazzo Franchetti
San Marco 2842 – 30124 Venice
(ponte ACCADEMIA)
Barco / ACCADEMIA Line: 1, 2 e N
Créditos
Equipa Pavilhão
Artista
Pedro Neves Marques
Curadores
João Mourão & Luís Silva
Organização: Ministério da Cultura de Portugal
Pedro Adão e Silva
Comissariado: Direção-Geral das Artes
Américo Rodrigues
Produção Executiva e Comunicação
Catarina Correia, Joana Branco, Maria Messias, Sofia Isidoro
Programa Público, Curador
Filipa Ramos
Programa Público, Assistente Curatorial
Diogo Pinto
Desenho Expositivo e Arquitetura
Diogo Passarinho Studio
Desenho de Som
HAUT
Gestão de Projeto/Produção
Nataša Venturi
Assistente de Produção
Maria Elena Fantoni
Coordenação Editorial
Renata Catambas
Design Gráfico e Identidade Visual
Studio Remco van Bladel
Comunicação e Imprensa
Aviva Obst
Montagem e Equipa Técnica
ArtAV, Spazio Luce, WeExhibit
Desenvolvimento Web
RGB Studio
Equipa Filme
Produção
Foi Bonita a Festa
Realização
Pedro Neves Marques
Elenco
Zahy Guajajara, Joana Manuel, Puta da Silva, Jules*Elting, João Abreu
Figuração
Dennis Correia, João Porto
Anotação
Tomás Paula Marques
Direção de Casting
Pedro Neves Marques, Catarina de Sousa
Produção Executiva/Direção de Produção
Catarina de Sousa
Direção de Produção/Scouting
Raquel da Silva
Direção de Fotografia
Marta Simões
1.º Assistente de Imagem
Ana Ramos, Soraia Rego
2.º Assistente de Imagem
Helena Marina, João Porto, Mariana Santana
Fotografia de Cena
José Pedro Cortes
Chefe Eletricista
Paulo Xein, Inês Alegre
Assistente Eletricista
Daniel Nicolau, Ricardo Giglio, Luís Magina
Direção de Som
Pedro Balazeiro/ FFFlecha
Perchista
Jérémy Pouivet
Música
HAUT (com Adam Sinclaire, Flauta, e Marie Gailey, Mezzo-soprano)
Direção de Arte
Artur Pinheiro
Assistente de Arte
Ivo Fartura
Aderecista
Susana Paixão, Maria Guiomar
Construção do Décor
JSVC2 Decor, Lda
Figurinista
Inês Simões
Guarda-roupa/Coreografia
Alice dos Reis
Cabelo e Maquilhagem
Pedro Ferreira
Costureira
Carmo Boucinha
Estúdio de Pós-Produção
Walla Collective
Correção de Cor
Andreia Bertini
Desenho de Som e Mixagem
Tiago Matos, António Pires
Efeitos Visuais
Pedro Prata
Estúdio de Filmagem
Grupo Nova Imagem
Equipamento de Filmagem
Planar Gestão Equipamentos Cinematográficos LDA, Showreel Audiovisuais
Contabilista
ACR Contabilidade e Consultoria, Amadeu Dores
Assistente de Contabilidade
Line Alves
Imprensa
Para acesso ao Press Kit do projeto Vampires in Space e imagens em alta resolução, por favor contacte Aviva Obst: [email protected]
Contato
Para mais informações sobre o projeto Vampires in Space e o Programa Público, por favor contate [email protected]
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